12.12.12

Máscara

Oi, eu tenho um Blog de tutoriais!
Era como se eu estivesse há muito tempo no automático: palavras que não foram ditas, oportunidades que foram perdidas. Tudo isso me lembrou de quem eu costumava ser, e eu tentei tirar a máscara. Mas agora, era tarde. Como se ela estivesse presa no meu rosto, ela se tornou parte de mim. Ah, aqueles suspiros não diziam "não tem manteiga na geladeira", aqueles suspiros me doíam, era como se meus pulmões estivessem afogados em risadas forçadas e beijos de mentirinha. Vez em quando eu acreditava que poderia me inventar de novo, mas a partir dessas novas decepções eu me lembrava o por que de ter desistido de tentar antes. Como se por uma ferida aberta escorresse toda a minha esperança.

11.12.12

Melífluas.

Naquela noite tudo parecia estar tranquilo. Tranquilo entre aspas, as coisas estavam no negativo há tanto tempo que ela até se esqueceu de contar. Portanto, tudo parecia harmonioso e sereno. De uma doçura tão contagiante que ela pode imaginar tudo se endireitando em futuro próximo. E em um instante ela se viu pregando suas pálpebras umas nas outras para prender as lágrimas. Mas aquelas lágrimas vieram tão sem aviso que nem deu tempo de esconder o rosto e sentir vergonha. E para que se preocupar? Estava sozinha, mesmo. Se precipitava demais, irracionalmente. Aquelas lágrimas não significavam exaustão psicológica ou insanidade. Eram melífluas. Diziam: "vai ficar tudo bem, vai mesmo". E ela pôde acreditar que realmente ia. Realmente ia. Os prazeres não eram mais parte de sonhos distantes. 

9.12.12

Final Feliz

Ela se recostou nas almofadas e se manteve observando a sopa de letrinhas, tentando imaginar se os fabricantes criam o w e m separadamente ou se fazem tudo misturado - visto que não há como diferenciá-los já dentro do prato - e então ela percebeu o quanto os livros e a TV superestimam a morte. De acordo com eles, ela deveria pensar sobre as coisas que podia ter feito e se encontrar com outra parte dela mesma, ou algo assim. Mas ela simplesmente não se importava. Isso por que estava em paz. Tudo que ela havia feito ou deixado de fazer era passado, e isso com certeza era uma grande vantagem. Todos aqueles dias em que ela acordava indisposta não faziam diferença, e ela não podia se lembrar de nenhum deles. Não mais. Ela não tinha forçado esse dia, ela não tinha esperado esse dia, ela deixou as coisas acontecerem e teve o melhor final feliz que qualquer um poderia ter, por que ela não dependia de ninguém para se sentir realizada. Era exatamente a pessoa que queria ser, e sentia vontade de escrever isso na testa. Por que não, aliás?

7.12.12

Eu lembrei o que era amar

Hoje, enquanto dava voltas pela casa à espera de notícias, reparei que a porta do guarda-roupa dos fundos estava ligeiramente aberta, talvez ela nem quisesse que eu percebesse isso. Aquela porta era aonde eu guardava álbuns antigos, cobertores esfolados de tanto que foram usados, etc, etc, etc. A inquietude daquelas vozes que eu não ouvia há anos me diziam: "você ainda se lembra da cor dos meus olhos?" e "qual perfume eu costumava usar?". E por não saber responder nenhuma das perguntas, achei que talvez fosse a hora. Memórias, ai. Aquelas páginas, muitas vezes grudadas umas nas outras, me lembraram de histórias como a daquele natal, que a família inteira havia viajado, e eu e meus pais fizemos um festival de pizzas, jogamos jogos de tabuleiro e ali, naquela mesa, o riso era farto e não haviam decepções. A não ser quando alguém caia na casa da vingança, que nos obrigava a mandar outra pessoa pra o comecinho do jogo. Em um dos meus aniversários, meus pais não tiveram dinheiro para fazer uma grande festa, então compraram umas dez guloseimas variadas no supermercado e fizeram um joguinho comigo, onde eu não podia ver qual guloseima eu escolhia, devia falar um número e só teria direito de comer a guloseima com a numeração que eu escolhesse. E foram naquelas horas que eu, uma pessoa que nunca soube prestar atenção nas coisas, nunca soube explicar as coisas, soube o que era amar. E eu me senti em um nível de superioridade indiscutível em relação a todos os meus colegas que falavam sobre família superficialmente. Decerto eu não sabia falar sobre isso. Mas já podia sentir. E foi ao me lembrar de todas essas pessoas incríveis que um flash muito lindo - que me fez voltar uns cinquenta anos no tempo e lembrar da cor dos olhos daquelas pessoas e do cheiro doce que seus corpos ofereciam ao ar puro do nosso sítio.

6.12.12

Obrigada, mamãe.

Eu não consigo encontrar as palavras certas. É só que hoje foi difícil. Foi difícil em todos os sentidos da palavra. Foi difícil levantar e continuar andando de cabeça erguida, foi difícil encarar toda aquela gente que eu sabia que esqueceria depois, mas que na hora parecia vívido demais pra ignorar. Nenhum deles significava nada pra mim, mas eu queria significar algo pra eles. Um sorriso, um jeito diferente de reparar. Eu queria que todos se lembrassem depois, não de mim, mas da vozinha mansa que acalentou seus coraçõezinhos inseguros. Do mesmo jeito que minha mãe costumava fazer comigo. E sempre que ela fazia, eu chorava depois. Não é irônico? Mas aquelas lágrimas eram outras, era como se eu estivesse dando espaço pra felicidade entrar. Então, obrigada, mamãe, você me ajudou a vencer dias terrivelmente chatos.

Cheia de manha

Mais uma manhã ela viu tudo se repetir: nenhum café na cama ou recadinho no espelho, ninguém esparramado no sofá da sala do jeito que ela mesma se reprimia por fazer, nada de nada. Tudo que ela tinha era a certeza que ninguém ia deixar cabelos pregados no sabonete ou o ralo do banheiro aberto. Ao sair da porta de casa, se viu entrando em um carro que esperava por ela na porta, mas ao abrir os olhos só enxergou o dinheiro da passagem. Até quando ela teria de se virar sozinha? Será que, quando ela tivesse filhos, não poderia falar "agora é a sua vez"? Talvez nem fosse chegar a ter filhos. Não queria continuar assim. Não podia. E sempre que pensava sobre isso tirava o telefone do gancho e encarava os números que todas as suas células ansiavam por tocar. Sua respiração não parava. Seu estômago enchia-se de nós. Mas o melhor a fazer era esquecer a crise de meia-idade e não fazer nenhuma besteira. Ia dormir.

5.12.12

Sim, foi maravilhoso.

Sim, mesmo com tantos poréns foi maravilhoso. E eu não vou de dizer que foi tão bom somente por causa dos desenhos animados e das supostas preocupações bobas como "qual das três espiãs demais eu vou ser?", aliás, eu era a de cabelos castanhos - Clover - e mesmo sendo a menos disputada eu tinha certeza de que ela era a mais linda. É isso que faz de mim uma artista. Eu vejo beleza onde ninguém mais vê, ou é isso ou eu sou só uma pessoa com muito mal gosto. Mas deixa pra lá. Voltando ao ponto principal, o que fez valer tanto a pena? Acontece que como eu não sabia nada de nada, qualquer coisa me parecia única. Até a sombra tinha mais a ver com uma experiência mágica, e às vezes, quando as coisas não pareciam ir bem e eu chorava, espremia os olhinhos pequenos e mexia a cabeça para ver as luzes se transformarem em faixas fortes e confiantes que vão pra onde querem e não precisam que ninguém ligue o interruptor para brilhar. Sim, eu via as coisas desse jeito; e ficava encantada o suficiente para esquecer o motivo do choro. Foi por essa visão quase poética do mundo que eu sorria. E sorria de verdade.

4.12.12

A promessa que ele fez pra ela:

Eu prometo, menina. Eu vou comer os cogumelos quando você pedir a pizza suprema, vou deixá-la comer minhas batatas-fritas crocantes quando sua porção já tiver acabado e nem vou reclamar disso. Eu vou pular na piscina e te levar junto comigo, e você vai fingir ficar com raiva por isso. Mas eu prometo fazer você gostar. Existirão dias de manhã eu vou te acordar com mordidas na orelha e mãos na cintura. Mas não todos os dias. Só quando eu ver que você está precisando disso. Do mesmo jeito que eu vou esconder um presentinho bacana pela casa quando eu ver que você está precisando. Ou até sete presentinhos. Ou até vinte ovos de páscoa. Por que não? Eu posso te carregar no carrinho de super-mercado sem problemas, posso até correr fazendo você se sentir uma aventureira. Você já será. Quantas aventuras não vamos viver juntos, hein? Assistir aquele filme de terror que nós dois sabemos que não conseguimos assistir e depois dar sustos uns nos outros. É, menina. Eu prometo.

1.12.12

Começando tudo de novo - de novo!

É, é, é. Acho que dois blogs são demais, visto que não é fácil manter um blog apresentável. Resumindo, é o fim do Premades da Mira, e também do Com Mirajane. Por que o Com Mirajane vai junto? Por que... thannanãnn... vai mudar de nome, é só por isso. Agora, visivelmente o blog se chame Com Shiraime. Por que Shiraime? Por que Shiraime significa chuva colorida, e quando digo colorida quero dizer "nas cores do arco-íris", mas e aí, o que é que tem a ver uma loucura dessas? Pois é, depois da chuva vem o arco-íris, ou seja, primeiro vem a parte ruim pra depois chegar a boa. Mas e se as duas partes viessem juntas, hein? O bem triunfaria sobre o mal, então seria como se a parte ruim nunca tivesse existido. Ou seja, ao acessarem o Com Shiraime, por favor, esqueçam a lógica. Por que esse blog é a reprodução da minha mente em palavras, e a minha mente é mesmo uma coisa de doido.